Publicado em: 08/05/2020
Vírus e bactérias causam doenças e mortes na humanidade há muito tempo. São eles os responsáveis por causarem doenças muitas vezes fatais, não só para a espécie humana, mas também para plantas e animais. Peste negra, gripe espanhola, tuberculose, AIDS, sarampo, poliomielite, ebola e H1N1 são exemplos de doenças causadas por bactérias ou vírus que preocuparam e ainda preocupam os profissionais da saúde pública em todo o mundo. A mais recente preocupação mundial é com o novo coronavírus, um vírus responsável pela síndrome respiratória aguda covid-19, com alta taxa de mortalidade entre pessoas acima de 60 anos ou pessoas com algum tipo de comorbidade. Mas, afinal, você sabe o que é um vírus ou uma bactéria? E quais as diferenças entre eles?
As bactérias são microrganismos unicelulares, ou seja, são formadas por uma única célula. Seu material genético não se encontra envolto ou “protegido” pela membrana nuclear, o que as classifica como células procariontes, termo de origem grega que significa “pré-núcleo”, conforme a figura abaixo:
Fonte: https://www.cientic.com/tema_monera_img2.html.
O tratamento indicado para as infecções bacterianas é a antibioticoterapia, ou seja, o uso de antibióticos. Antibióticos podem ser medicamentos de origem natural (produzidos com outros microrganismos, como bactérias ou fungos) ou sintéticos (antimicrobianos quimicamente sintetizados em laboratório). Ambos são eficientes para tratar as infecções e são classificados como bactericidas (quando causam a morte das bactérias) ou bacteriostáticos (quando promovem a inibição do crescimento microbiano).
Vale lembrar que a descoberta da penicilina, um fato histórico e importantíssimo para a história da microbiologia, ocorreu em 1928. O médico inglês Alexander Fleming estudava a bactéria Staphylococcus aureus, responsável pelos abscessos em feridas abertas provocadas por armas de fogo, quando por um descuido deixou algumas culturas dessas bactérias acidentalmente expostas ao ambiente por alguns dias. Ao retornar para o laboratório, percebeu que um fungo presente no ar atmosférico havia crescido em uma das placas. Fleming observou que, nos pontos onde o fungo havia se desenvolvido, não existia crescimento nem atividade das colônias de Staphylococcus aureus. Assim, ele descobriu que o fungo Penicillium excreta uma substância capaz de inibir e eliminar essa espécie de bactéria.
Um princípio básico para a escolha do antimicrobiano está na identificação do agente causador da doença e da sua suscetibilidade aos medicamentos. Mas fica uma pergunta: se existe a antibioticoterapia, por que as doenças bacterianas ainda preocupam as entidades de saúde?
A resposta é simples: o uso intenso e indiscriminado de antibióticos resultou no que se chama de resistência bacteriana, tornando esse fenômeno um grande problema de saúde pública. A resistência ocorre quando microrganismos sofrem mutações e são selecionados após o uso de antibióticos, resultando consequentemente na perda da ação do medicamento contra o agente patógeno.
Mas nem todas as bactérias são maléficas. O corpo humano é repleto de bactérias que habitam várias de suas partes, como a pele, a boca e os intestinos. Essas bactérias compõem um sistema denominado microbiota, que nada mais é do que um conjunto de microrganismos que exercem funções importantes e fundamentais para a saúde humana.
Esses microrganismos podem ser mutualistas, comensais ou oportunistas. Os mutualistas são microrganismos que atuam colonizando e protegendo o hospedeiro, com a produção de moléculas – como a vitamina K e as vitaminas do complexo B – que reforçam o sistema imunológico. Os comensais são os que colonizam, mas não apresentam benefícios nem malefícios, sendo uma associação neutra entre eles e o hospedeiro. Já os oportunistas são microrganismos capazes de causarem alguma doença quando o sistema imunológico do hospedeiro se encontra debilitado, como é o caso de indivíduos imunossuprimidos pós-quimioterapia ou radioterapia e os portadores de HIV.
As bactérias também podem dar um sabor especial à vida. Isso mesmo, elas estão presentes na produção de alimentos. Bactérias do gênero Lactobacillus são as responsáveis pela fermentação láctica, processo fundamental para a produção de queijos, leite fermentado, iogurte e outras bebidas lácteas.
Já os vírus são classificados como estruturas acelulares, ou seja, não são considerados seres vivos, devido à sua estrutura simples e à necessidade de se reproduzir utilizando a estrutura celular do seu hospedeiro, como o HIV que utiliza o linfócito do tipo T CD4+ para replicação.
A constituição do vírus, ou melhor dizendo, da partícula viral, é extremamente simples: ela é composta de um núcleo formado pelo DNA ou pelo RNA, envolto por uma estrutura chamada camada proteica, que é em alguns casos revestida por uma camada de lipídeos, chamada de envelope.
A figura abaixo mostra a constituição de uma partícula viral e de suas estruturas. Diferente das bactérias que apresentam uma estrutura mais complexa e que garantem a ela um metabolismo próprio, os vírus possuem uma composição estrutural mais simples necessitando da célula hospedeira para a sua replicação.
Fonte: https://www.infoenem.com.br/virus-estrutura-caracteristicas-e-principais-doencas/
Nas doenças virais o tratamento se baseia no uso dos antivirais, fármacos capazes de atuar em alguma etapa do ciclo viral, inibindo assim a sua replicação. O exemplo clássico dos antivirais são os medicamentos utilizados no tratamento do HIV, os chamados “coquetéis”.
Assim como ocorre com as bactérias, os vírus também podem apresentar resistência aos antivirais. Um estudo brasileiro da Rede Nacional de Genotipagem (Renageno) realizado com 500 pacientes evidenciou que somente 7% dos pacientes não apresentavam resistência aos antirretrovirais. Não é apenas a resistência viral do HIV, mas também de outros vírus o que torna essa situação uma preocupação e um problema de saúde pública mundial.
Autor: José Alberto Paris Junior é aluno do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Medicina Regenerativa e Química Medicinal – PPGB-MRQM da Universidade de Araraquara - Uniara.
Saiba o que fazemos com os dados pessoais que coletamos e como protegemos suas informações. Utilizamos cookies essenciais e analíticos de acordo com a nossa política de privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
ENTENDI