Publicado em: 17/04/2020
Identificada em dezembro de 2019 na província chinesa de Hubei, a COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus, vem causando resultados catastróficos pelo mundo todo. De acordo com o site Globo.com, foram contabilizadas cerca de meio milhão de pessoas infectadas, 21.571 mortos e 115.850 pacientes em recuperação em 25 de fevereiro de 2020. Esses números, as notícias espalhadas pela mídia e as medidas estabelecidas pelos governos vêm provocando o desespero da população e a preocupação dos governos com a previsão de uma crise socioeconômica mundial, como mostra a Figura 1.
Figura 1. Notícias sobre os impactos do coronavírus publicadas em sites de notícias.
A rápida disseminação do vírus na China e na Itália fez com que diversos países, incluindo o Brasil, implementassem medidas severas como a quarentena, seguida do fechamento do comércio e paralisação de várias atividades. Hans Kluge, diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou que existem “sinais encorajadores” na desaceleração da pandemia no continente europeu, provavelmente resultado da quarentena, porém a situação ainda é grave.
No Brasil, muitos questionam a necessidade da quarentena, considerando o impacto econômico que tal medida causará em um futuro próximo e comparando o vírus a outras doenças como o ebola, as gripes suína e aviária, a dengue e a gripe espanhola, que há um século infectou cerca de 500 milhões de pessoas (BARIFOUSE, 2020). Segundo Karnal (2020), a COVID-19 é menos mortal do que várias doenças com as quais convivemos sem desespero. Entretanto é uma doença nova que está se alastrando com uma velocidade sem precedentes. Neste momento é importante pensar na coletividade, considerando que 5% dos casos apresentam alta gravidade e necessitam de ventilação mecânica e permanência em unidade de terapia intensiva (UTI) por mais de 20 dias. Assim, se 1 em cada 100 brasileiros fosse infectado, 200.000 pessoas contrairiam o vírus e, se todos necessitassem de UTI, a situação do país seria semelhante ao caos enfrentado pela população italiana desde o final do mês de fevereiro de 2020 (BARROS, 2020). Logo, fica evidente a necessidade do distanciamento físico das pessoas.
O gráfico representado pela Figura 2 mostra o avanço na disseminação do vírus no Brasil até o dia 15 de março de 2020, representando o número de casos (em vermelho) e o número de mortes (em marrom). Além disso, fez-se uma previsão do número de casos nos dias seguintes.
Figura 2. Gráfico referente ao avanço do novo coronavírus no Brasil.
Fonte: Ministério da Saúde até 15 de março de 2020.
Embora atualmente essa medida seja a mais eficiente para reduzir o contágio, muitos questionamentos a respeito da situação financeira do governo e da população vêm sendo lançados, considerando o impacto que a suspensão das atividades (totais ou parciais) nas empresas, tanto públicas quanto privadas, causarão. Na China, o Escritório Nacional de Estatística contabilizou um recorde de quedas no varejo, produção industrial e investimentos, que, junto a outros índices, predizem consequente crise em vários setores. No Brasil, analistas indicam um recuo na economia, comparando-o à crise financeira ocorrida em 2008 e à greve dos caminhoneiros em 2018 (BBC News Mundo, 2020).
Outro aspecto relevante nesse contexto é o papel da ciência e, consequentemente, dos centros de pesquisa (universidades e indústrias) na busca por vacinas e medicamentos que tratem o vírus e na conscientização da população, que, em meio ao caos, recebe uma avalanche de informações nem sempre verdadeiras. No Brasil, pesquisadores do Instituto do Coração (Incor) juntamente com a Faculdade de Medicina da USP (FM-USP) vem estudando uma vacina alternativa ao método proposto pelos Estados Unidos, com grande potencial de funcionamento. Além disso, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) resolveu financiar inciativas de pesquisa para o combate à doença, enquanto o governo anunciou, por meio da Portaria nº 34 de 09/03, um corte considerável nas bolsas de pós-graduação financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes). Assim, fica evidente a necessidade do apoio moral e financeiro do governo e da população aos pesquisadores e agências de fomento, que possuem um papel fundamental na resolução de problemas na área da saúde.
Em virtude dos fatos mencionados, fica clara a importância da compreensão e da tomada de medidas rápidas e efetivas por parte do governo, bem como a conscientização da população, considerando que tempos de crise mais severa estão por vir. Ademais, a valorização da pesquisa, da ciência e da educação se faz extremamente necessária, considerando sua contribuição indispensável, não somente no combate ao coronavírus, mas na resolução de inúmeros problemas na áreas da saúde, meio ambiente, educação, sociedade e economia.
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Artigo escrito pela doutoranda Carolina Santos para trabalho na Disciplina “Seminários de Integração”, ministrada pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Massabni no Programa de Pós-Graduação Biotecnologia em Medicina Regenerativa e Química Medicinal – PPGB-MRQM da Universidade de Araraquara – Uniara.
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