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Mudar frequentemente de escola piora a saúde mental de adolescentes

Ana Maria Logatti Tositto

Adolescentes que mudam muito de escola apresentam, em médio prazo, piores níveis de saúde mental. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pela Faculdade de Ciências Médicas de Warwick, no Reino Unido, com um grupo composto de 6.448 mães e seus filhos.

Segundo a pesquisa, foi observado um aumento de sintomas psicóticos (alucinações, delírios e interferências no pensamento) como resultado da constante alternância de ambientes escolares e, consequentemente, do ingresso a novos grupos sociais.

O estudo, publicado no Journal of American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, menciona ainda que essa dinâmica de trocas constantes de escolas impacta não apenas a saúde mental atual, mas pode, inclusive, aumentar o risco de pensamentos suicidas e levar ao aparecimento de transtornos psicóticos na idade adulta.

Pense comigo: o estresse causado pela constante quebra de laços sociais na adolescência pode prejudicar o jovem de várias formas. Apontando apenas a mais elementar - rupturas contínuas de grupos não favorecem a criação de um núcleo de interação social sólido - que é, diga-se de passagem, extremamente importante para adolescentes.

Além disso, ocorre o aumento das chances de vir a sofrer bullying (ou seja, tornar-se vítima de atos violentos, intencionais e repetidos), outro problema muitas vezes relatado após mudanças frequentes de ambiente e a consequente entrada em novos grupos.

É interessante destacar que esses dados foram coletados a partir de famílias acompanhadas que, por conta de dinâmicas familiares diversas, tinham de se mudar constantemente de bairro ou cidade. Quando essas mudanças atingem a media de três locais diferentes no período de um ano, os riscos de manifestações dos sintomas psicóticos atingiam sua maior incidência (60% do grupo apresentava pelo menos um dos sintomas).

Os pesquisadores sugerem que tais problemas também têm impactos na autoestima dos jovens, bem como aumentam o sentimento de impotência e solidão, o que, inevitavelmente, gera reflexo na bioquímica do cérebro.

Assim, antes de mudar seu filho de escola, fique atento.

Na escolha de um novo local, muitas vezes consideramos a melhor localização, se o método pedagógico é bem recomendado ou se o nível de reputação de determinada instituição de ensino é adequado. Entretanto, ao olharmos apenas para esses elementos, esquecemo-nos de refletir que existem outras variáveis (inespecíficas), resultantes, muitas vezes, da simples interação de nossos filhos com o grupo social já estabelecido.

Portanto, em última análise, podemos ter a falsa noção de que garantimos quase tudo de positivo, mas raramente passa por nossa cabeça se nossos filhos serão (ou não) bem acolhidos pelo novo grupo - fator esse de grande impacto.

Desse modo, uma sugestão importante é a de que os pais estejam bem atentos quando uma mudança tiver de ocorrer e que não subestimem o que pode resultar do ingresso a novos ambientes. E, no caso de alguma alteração comportamental ser observada, devem atuar rapidamente.

As escolas, em especial, deveriam ficar atentas a esse tipo de problema e oferece ou indicar suporte psicológico.

Nem sempre as melhores escolhas se revelam as melhores saídas.

O comportamento humano é muito sensível, inclusive às pequenas mudanças. Lembre-se disso e evite as chances de colocar em risco a saúde mental de seus filhos.

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